sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Strip-Tease II

E ela chegou disposta a se despir completamente.
Começou com uma pergunta – você quer mesmo me ver nua?
Não ficou surpresa com a resposta, mas o advertiu do que estava-lhe prestes a ser mostrado. Ele sem pensar duas vezes a deu consentimento para que continuasse. Começou pelos cabelos, os soltaram, estes, que até eles estavam presos. Antes de prosseguir, pausou, olhou nos olhos dele, como quem dissesse – tem certeza? E ele a olhou com anseios como quem respondesse – não tenha duvidas. E com desejo e receio, começou a descer as alças de sua blusa pelos ombros, uma de cada vez, delicadamente. Ele, ansiosamente observa cada detalhe, que se mostrava a centímetros daquele descer de alças. Ela segurou a blusa sobre o busto, para que não caísse totalmente e perguntou – veja, verás além da pele que observas e sentiras além do toque ardente que vem das tuas mãos, talvez não esteja preparado para o que sentiras com teus olhos, quer que eu continue? Sem ouvir direito o que acabara de ser dito, com lascívia, respondeu – claro, continue. Decidida, ela cruzou os braços sobre as pontas do tecido de blusa e suavemente levava cada fio tecido até o pescoço, do pescoço à boca, da boca aos olhos e ouvidos e descia até as pontas de cada fio dos cabelos e a deixou cair ao chão. Temendo cada coisa fora do lugar, passou com volúpia as mãos sobre os cabelos e cada mecha se passava entre os dedos até a ponta, das pontas aos pontos que desciam os dedos sobre a boca, e escorriam sobre o corpo em rumo à saia, que antes que saísse questionou mais uma vez – Olhe, já retirei uma peça, faltam-me muitas ainda, quero tira-las pra você, mas serás responsável por cada descoberta sua, por cada parte descoberta minha. Quero que se sintas preparado, e não que se prepare para ver, apenas com o que seus olhos há de enxergar. Disse ele então – já a conheço tão bem, por que não a reconheceria? Receoso e ao mesmo tempo adorando todo o suspense a pediu que continuasse.
Fez um charme, passava os dedos ao redor da saia que a circulava, fixamente, olhava através dos olhos dele e se insinuava, e ele a olhava encostado sobre a cabeceira da cama e a observava como se pudesse beijar cada parte dela a cada piscada de cílios que dava, e ela certa do que faria, deslizava cada babado sobre seu quadril, suas pernas, entre coxas, joelhos e panturrilhas e até que pairava aos pés. Determinada e satisfeita com o que acabara de fazer disse-lhe: aqui estou eu, sem mais uma peça minha! – e ele desenhava cada movimento que seguia seu corpo, cada linha, cada curva, cada cor, dentre aquelas duas partes, uma que tapava seu peito outra, seu intimo, - e ela continuava – Eu aqui, a sua frente, semi-nua, quase despida em peças intimas, na sua frente... - ele pressentindo a pergunta, com um – continue - entre os dentes e a língua a interrompeu, antes que ele soltasse, ela o interrompeu também, ela a palavra, ele o âmago. Disse certa do que sentia: esta mulher não precisa ser revelada para quem ainda não a conhece, ela se entrega apenas àqueles que a ela também se entregam, ela é intima. No dia que resolveres se despir da mesma forma e se entregar a mim, me avise que do mesmo modo me entregarei a você. Aí eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui.

Docemente, vais me despindo no momento em que te sinto.
E ai, quer continuar?
 
Inspirado na crônica, "Strip-Tease",
Martha Medeiros
 

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